O meu lugar não é este, sinto tantas vezes que não pertenço aqui. Um desconforto ao caminhar entre ruas e atalhos, ver as casas e sorrir sem vontade para as pessoas que passam por mim. Quero tanto descobrir o mundo, quero tanto sentir me em paz num lugar que sinta que é o meu. Ir à descoberta do desconhecido não me assusta, falta me a coragem de dar os primeiros passos e ir, talvez para nunca mais voltar.

Gosto de dançar, sentir as batidas da música e mexer- me ao som da melodia. Este bailado particular deixa-me cansada mentalmente e é uma dança diária. O meu par? Os anjos e demônios, cada qual na sua vez! 

Os anjos aparecem em primeiro, e o bailado começa com movimentos suaves, harmoniosos e passos leves em sintonia com uma música calma e relaxante. Sem contar, os demônios puxam-me para baixo, num ritmo mais rápido e frenético. Os movimentos são mais mecânicos e eu tento fugir, enquanto sou constantemente agarrada. Aqui a dança mais parece uma luta de titãs. O cansaço já se sente, e entre um balanço ou outro os anjos voltam e elevam me, para onde a luz cega-nos e dançamos ao som do bater do coração! Os demônios reaparecem e empurram-me para o abismo. Aí exausta e com as mãos a tapar a cabeça, murmuro :" Por favor, parem! Não aguento mais!". Enquanto os demônios dançam à minha volta. Os anjos voltam e eu sem forças para dançar mais. Numa próxima quero dançar sozinha...

A mente humana é um labirinto complexo com muitas portas, gavetas e caixas aonde estão guardadas memórias, traumas e medos. Os mapas mentais são confusos e sem nexo, e os atalhos não têm saída. Nem o GPS é uma ajuda para encontrar uma saída neste labirinto. A nossa mente é traiçoeira, prega nos partidas e cria nos ilusões. É uma caminhada esgotante, percorrer corredores com memórias diversas, algumas delas gostaríamos de apagar e tentamos não enlouquecer. Não existe bem mais precioso, do que ter uma boa saúde mental.