O plano era perfeito, escrito em cor verde para dar sorte, em linhas direitas e letra bem legível para não restar nenhuma dúvida! Os Anjos ajudaram a escrever o texto, as forças do Universo fizeram o resto ... e eu falhei! Observei os sinais e recebi a mensagem, talvez nem tenha percebido bem.

Não apareci na hora marcada, esqueci me do dia e o lugar era distante. Não consegui avisar o destino, nem as estrelas iluminaram o meu caminho. Não tinha mapa e estava perdida, a rua deserta em silêncio.

Pensamentos negativos condicionam os meus movimentos, através de linhas imaginárias. Por mais que tente mexer-me , sinto um puxão sendo atirada para trás, para mais perto do abismo. A minha voz ficou enfraquecida perante o pânico. De quê? Sei lá, o cérebro funciona de um jeito estranho e complexo, tornando me estranha e complexa. E assim se (sobre)vive dia após dia, numa nova era em que um vírus manda em nós, tanto nos comportamentos como nos pensamento. Agora é assim a vida.

Ninguém me ensinou a linguagem dos afetos, dos abraços fortes quando o abismo quer engolir me.                             Ninguém me ensinou a receber abraços sem ficar desconfortável, é algo a que não estou habituada nem a receber nem a dar. Não falo a linguagem dos afetos, e é importante os afetos. A carícia na cara é um gesto de carinho e amor, uma festa na cabeça é sinal de reconhecimento, um afago na mão é simbolo de proximidade. Um beijo transmite a mensagem "gosto de ti". Sou uma criatura arisca, estranha e que ainda não foi domesticada.   

Hoje é o teu dia, o dia mundial do animal mas não estás aqui. Não estás para eu passar as minhas mãos no teu pelo macio, não estás aqui para alegrar os meus dias, não estás aqui para me ensinares a viver. Tínhamos ainda tanto por viver. 

Estás no meu coração e na minha memória, tu e todos que passaram na minha vida. Obrigada por tudo, e perdoa-me se errei.

Gosto dos dias de chuva, sentir os pingos a caírem na pele e o vento a mexer no cabelo molhado. Gosto do aroma da terra regada com a água vinda do céu. Gosto de ruas desertas e limpas de gente e de pó. Gosto das folhas secas e poças de águas. Gosto de roupa quente, mantinha no sofá e lareira acesa. Gosto destes dias cinzentos, no fundo todas as cores fazem parte da vida.