Gosto de escrever textos com duplo sentido, dependendo da perspectiva que se lê, pelo menos tento. Gosto de usar metafóricas para expressar o que sinto. Este texto é diferente, é a minha verdade crua e sombria, sem medos e protegida pelo anonimato, sinto me livre para escrever o que não tenho coragem de dizer em voz alta.
A verdade é que não sou lá muito boa da cabeça, este facto é evidente pelo que escrevo e pelo o que deveria escrever.
No início, pensamentos parvos inundaram a minha mente, era eu uma pré - adolescente. Pensamentos sombrios surgiam do nada, e eu tentava desesperadamente não ligar. Para tentar bloquear os pensamentos comecei a ter comportamentos estranhos, é horrível escrever isto assim como é triste ter a percepção de tudo. Ia verificar se a porta estava mesmo trancada algumas vezes, ligava e desligava a luz aquele número de vezes, tinha que entrar numa divisão com o pé direito, lia a mesma frase num livro imensas vezes o que tirava o gosto de ler. Se eu não fizesse isto, ia acontecer uma coisa horrível. Sofri em silêncio, não é fácil falar em saúde mental com o medo de sermos vistos como malucos. Provavelmente fiquei louca e nem notei. É desgastante psicológicamente, senti me várias vezes com a cabeça em água. Nunca mutilei me ou atentei contra a minha vida, afinal sempre fui mais forte do que pareço. No entanto, sempre tive aqueles pensamentos do estilo" quem me dera nunca ter nascido"; "a vida dos outros seria melhor sem mim"; " quem me dera morrer e reencarnar". Este texto vai longo, e tanto ainda poderia escrever, se a coragem não fugisse.
Não quero pena, sei que não sou a única com pensamentos estranhos, afinal todos nós temos uma cruz, a minha é esta.