Será que te amei, ou amei a ideia de amar? Será que amei quem tu eras, ou quem eu queria que fosses? E tu, chegaste a amar me ou gostaste de sentir te amado?
Com dedicação e ternura, cuidei deste amor inventado pela minha mente e desejosa de sentir borboletas no estômago e suspirar pelo ar. Sentir os pés a fugir do chão e levitar até as estrelas, sonhar acordada e sorrir sem motivo. Ser tocada na alma com um simples olhar de carinho e ter uma razão para existir. Amei a ilusão e a fantasia de um romance igual aos contos de fadas, histórias de princesas e cavalos brancos conduzidos por cavalheiros e com um guião roubado a uma novela qualquer. Viver com a ânsia de um toque de mãos, no entrelaçar de dedos e num abraço apertado para sentir a ligação forte e real ao ouvir os corações a bater em sintonia. Amei a perspectiva de amar alguém, de me dar a alguém e me perder nas teias do amor e nas loucuras que cometemos por ele. Andei tanto que me perdi em fios emaranhados e teias pegajosas, num jogo sem regras nem indicações do caminho a seguir. Amei o sentimento de amor mas talvez tenha amado sozinha, um amor que me abraçava nas noites frias e silenciosas, e me dava forças quando eu sentia o abismo à minha frente, era apenas um amor solitário como eu mas era o meu amor. Enquanto as pessoas enchiam os meus ouvidos com frases que o tempo cura tudo e o amor iria encontrar-me de novo, eu fechava o meu coração a sete chaves. Com lágrimas nos olhos e o coração cheio de fita cola, cortei o fio da ligação que alimentava este amor inventado.