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sempresolitaria

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29
Abr22

Guardiã

Sempre Solitaria

Com uma paz e uma serenidade que acalma o dia, a Guardiã vagueia por aí. Ninguém sabe o que ela guarda, é um mistério a sua missão. Talvez ela guarde os sonhos impossíveis, ou o aroma das flores ou talvez guarde a luz interior. 

A Guardiã é uma força invisível que se move na dança das energias, invisível aos olhos não crentes. Ninguém a vê mas sente se a sua passagem. 

21
Fev22

Maria Estrela

Sempre Solitaria

A noite já ia alta e as horas passavam sem parar. No silêncio Maria Estrela chorava baixinho, com a almofada em cima da cabeça para abafar qualquer soluçar mais alto, numa dor que não ia embora por mais que pedisse. Os lençóis já encharcados de lágrimas amargas que nem aliviava o peso nem a amargura. É na inexistência de palavras que tudo é dito e sentido, e ali não tinha ninguém para a ouvir. Num breve olhar pelo telemóvel, que anunciava as 4 horas da manhã e a certeza de não haver a quem ligar. Derramou lágrimas até secar e adormeceu num sono tranquilo. 

No despertar de mais um dia, de mais uma página em branco de existência, abriu os olhos sensíveis à luz do sol, e deparou se com os cacos de uma noite terrível. Na mente, reviu tudo o que aconteceu, cair na cama enquanto os comprimidos de várias cores espalhavam se pelo chão. Frascos de garrafa que antes continham álcool, amontoados na mesinha da sala, anestesiaram por momentos a dor que agora voltava. Na mesa da cozinha, uma folha escrita a tinta azul e borratada continuava lá. Agarrou-a e leu, acendeu o isqueiro e ao ver as chamas a queimar a folha, pensou:"Porque raio escrevi uma carta de despedida, se ninguém iria lê-la?" Tomou um banho rápido, vestiu-se e saiu para o trabalho, aonde era apenas mais um número para a estatística. Em piloto automático desempenhou as suas funções, no fim do dia regressou a casa. No refúgio do lar, limpou os cacos da noite anterior e preparou um chá. O anoitocer era o momento preferido dela, ver a lua a espreitar pela janela e as estrelas a aparecerem uma por uma no céu enquanto bebia o chá. Reconfortava pensar que um dia quando partisse para outra dimensão, ninguém iria sentir falta dela. Refletiu na parvoíce que ia fazer, afinal morrer é cair no esquecimento e ela já estava morta há muito porque ninguém se lembrava dela.

 

    

15
Abr21

Ruralidade

Sempre Solitaria

Gosto de caminhar, sempre gostei. Gosto de andar, andar, andar sem destino e decidir em cada passo se vou para a esquerda ou direita, ou se sigo em frente. Gosto de caminhar pelos pinhais, respirar ar puro enquanto ouço o canto dos passarinhos. Também gosto de caminhar entre as casas na aldeia igual a tantas outras. Gosto de fazer percursos diferentes mesmo que não haja grande diversificação de caminhos. Gosto de ver as pessoas mais velhas entretidas no seu quintal, a semear novas colheitas. Gosto de ver os jardins mesmo com poucas flores e plantas. Gosto do silêncio e de passar ao longe pelas poucas pessoas que encontro, repito o bom dia e cada qual segue o seu caminho. Gosto desta ruralidade de vida simples e de ouvir histórias do antigamente, no entanto sinto falta de barulho e confusão.

10
Mar21

Silêncio

Sempre Solitaria

Silêncio é a única coisa que posso dar agora. Ausência de palavras também é uma forma de comunicação. No silêncio pesado e longo, no ar sente se o desconforto que aperta o peito e lamenta se em silêncio. Tudo em silêncio. No mais profundo silêncio tudo é dito, e também fica tudo por dizer. Sempre em silêncio. Qualquer dia, as palavras perdem o sentido por não serem usadas. Qualquer dia, será necessário reaprender a falar, estimular a mente a criar conversas sem bloqueios e confusões.

09
Mai20

4 paredes

Sempre Solitaria

Foram todos embora, um por um , sem sequer olhar para trás, sem chamar quem de repente ficou distraído. Só restou o silêncio, só o silêncio porque a paz ainda demora a vir. Foram todos ao encontro da confusão, barulho e filas sem fim, talvez na esperança de encontrarem algo. 

Fiquei eu aqui , só. 

Os meus pensamentos ocuparam o espaço todo, mas não conseguiram ir mais além que estas 4 paredes. Eu e a solidão, juntas lutando contra o silêncio, o desespero , a angústia e também a tristeza. Daqui a pouco, voltam alguns ou quase todos, um a um, ocupando novamente a sala, expulsando os meus pensamentos para dentro de mim, o barulho irá surgir lentamente mas eu nunca deixarei de me sentir tão só. 

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